Desinfecção Hospitalar de Alto Nível: Padrões e Práticas Fundamentais
O processo de desinfecção hospitalar é um conjunto de procedimentos que visa eliminar ou reduzir a carga microbiana em ambientes hospitalares, superfícies e equipamentos para prevenir a disseminação de infecções. Isso envolve o uso de agentes químicos ou métodos físicos para destruir ou inativar micro-organismos patogênicos, tornando o ambiente mais seguro para pacientes, visitantes e profissionais de saúde.
Neste conteúdo, você poderá entender um pouco mais sobre esse conceito, sua importância, as etapas envolvidas nesse processo – um dos tipos de limpeza hospitalar mais importantes –, bem como os principais desafios para que ela seja eficaz, garantindo não só a saúde, mas uma experiência valiosa para quem circula por esses ambientes.
A importância da desinfecção no ambiente hospitalar
Como um local intimamente relacionado com a saúde das pessoas, os hospitais têm a obrigação de aderir a rigorosos protocolos de higiene. Dentre esses procedimentos temos: a gestão adequada de resíduos sólidos, a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a aplicação de produtos específicos, promovendo, assim, a proteção e a segurança de todos que frequentam o ambiente hospitalar.
Vale ressaltar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) prioriza dois desafios globais sobre a questão de Segurança do Paciente: promover a cirurgia mais segura e reduzir a infecção associada aos cuidados em saúde.
A Segurança do Paciente envolve uma série de ações promovidas pelas instituições de saúde. O objetivo é reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde, o que também é conhecido como evento adverso. É o caso, por exemplo, das infecções hospitalares.
Riscos associados à contaminação em hospitais
Segundo a agência, nas mais de 234 milhões de operações realizadas por ano em todo o mundo, cerca de 1 milhão de pacientes morrem em decorrência de infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS).
No Brasil, a taxa de IRAS chega a 14%, e as metas para Segurança do Paciente, baseadas em protocolos internacionais da OMS, são coordenadas pelo Programa Nacional de Segurança do Paciente, promovido pelo Ministério da Saúde.
Benefícios diretos para pacientes e profissionais da saúde
A desinfecção hospitalar, quando conduzida da maneira adequada, ajuda a prevenir a propagação de IRAS, que podem ser graves e até fatais para os pacientes, os quais, muitas vezes, estão em estado de vulnerabilidade e imunodeprimidos.
Em situações de surtos de doenças contagiosas, como pandemias, a desinfecção ganha um papel ainda mais crucial no combate à propagação de doenças.
Mas não são somente os pacientes que correm risco. Visitantes, equipes assistenciais e administrativas que circulam diariamente nos hospitais, em contato direto com pacientes e superfícies contaminadas, precisam ser igualmente protegidos.
Sem falar na redução do índice de absenteísmo da força de trabalho e proporcional redução de custos. Vimos isso claramente durante a pandemia de covid-19. A equipe de saúde que trabalha em um ambiente desinfetado tem menor risco de exposição a patógenos, promovendo o próprio bem-estar e a capacidade de prestar cuidados de qualidade.
A desinfecção hospitalar como parte fundamental nos processos de acreditação
A desinfecção hospitalar representa também um protagonismo importante na busca por acreditações.
Embora não se trate de um requisito legal, por trazerem ganhos operacionais e de credibilidade para as instituições, a Acreditação pode ser explorada como um diferencial competitivo para a obtenção de negócios e de credibilidade perante a comunidade de saúde e pacientes.
No Brasil, a Organização Nacional de Acreditação (ONA) é uma entidade privada sem fins lucrativos que, em conjunto com Ministério da Saúde, visa organizar os padrões dos serviços de saúde para garantir um alto nível de qualidade.
O Manual de Acreditação Hospitalar da ONA enfatiza a importância da desinfecção hospitalar por reconhecer que a salubridade do ambiente é fundamental para a segurança e qualidade dos serviços de saúde. Entre elas estão:
- Adesão às normas técnicas para a gestão de resíduos de alto risco.
- Estabelecimento e cumprimento de normas e procedimentos de limpeza e desinfecção.
- Utilização de equipamentos adequados para a higiene.
- Implementação de medidas de precaução padrão e controle de desinfecção.
- Disponibilidade de profissionais capacitados em número suficiente.
- Manutenção da higiene em todos os ambientes.
As diretrizes da ONA baseiam-se nas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a autoridade nacional responsável por estabelecer e fazer cumprir os requisitos de biossegurança no país. Portanto, essas diretrizes são rigorosas e específicas, incluindo a necessidade de comprovar que os produtos químicos usados na desinfecção estão notificados ou registrados na Anvisa, e, em alguns casos, apresentar laudos técnicos.
Além disso, existem outras acreditadoras como a JCI (Joint Commission International), NIAHO e HIMSS, que têm reconhecimento por seguirem rígidas normas que garantem qualidade em áreas como atendimento, gestão, recursos humanos, tecnologia e, claro, higiene e limpeza.
Definindo desinfecção hospitalar
Além de compreender a importância dos processos de limpeza, desinfecção e até esterilização em ambientes destinados à assistência de pacientes por ajudarem a garantir a segurança, é fundamental contextualizar a diferença entre cada um dos processos existentes.
Esta é a primeira etapa de uma completa eliminação dos focos de doenças. É executada com um produto adequado e aprovado pela Anvisa, água e um acessório de esfregação. Ou seja, a limpeza é responsável por eliminar a sujidade aparente e promover higienização de 95% dos antígenos nos ambientes e em superfícies diversas. Conheça mais sobre os diferentes Tipos de Limpeza Hospitalar aqui.
Esse método garante a eliminação de 100% dos vírus e das bactérias. É utilizado em hospitais na limpeza de instrumentos cirúrgicos, por exemplo. Porém, trata-se de um processo mais complexo, executado com diferentes metodologias e procedimentos, conforme o tipo de material a ser esterilizado e os possíveis níveis de contaminação.
Esta é a etapa que visa eliminar uma ampla gama de patógenos, incluindo vírus, bactérias, fungos e esporos bacterianos, que podem ser particularmente resistentes. Ela ocorre sempre após a saída do paciente, tanto em ambientes críticos, como salas de cirurgia, UTI, assim como em leitos comuns e enfermarias.
Para realizá-la são utilizados agentes químicos ou processos físicos que garantem a eliminação eficaz desses patógenos. Essa é, aliás, a grande diferença do processo de desinfecção hospitalar com relação aos demais tipos de limpeza hospitalar. São também utilizados equipamentos para desinfecção de pisos, paredes, teto, mesinhas, camas, banheiros, etc, como jet mops, LTs e demais acessórios que garantem um resultado eficaz.
Tecnologias e produtos utilizados
Os procedimentos de desinfecção hospitalar abrangem não apenas a limpeza, mas também o controle de impurezas e a proteção de materiais e áreas. Para alcançar esses objetivos, são utilizados instrumentos que facilitam a manutenção e a supervisão dos processos de desinfecção hospitalar, além de equipamentos que ajudam a automatizar os processos mecânicos de desinfeção.
No caso de saneantes, uma variedade de detergentes desinfetantes, com propriedades microbiológicas e diferentes composições é empregada, incluindo agentes para controlar o pH, agentes antidepositantes, tensoativos e outras substâncias.
Práticas recomendadas e protocolos
No Brasil, a Anvisa publicou um Manual de Limpeza e Desinfecção de Superfícies, visando contribuir com a correta limpeza e desinfecção de superfícies em serviços de saúde.
Segundo esse material existem as diferentes áreas:
- Áreas críticas: são os ambientes onde existe risco aumentado de transmissão de infecção, em que se realizam procedimentos de risco, com ou sem pacientes, ou se encontram pacientes imunodeprimidos.
- Áreas semicríticas: referem-se aos locais ocupados por pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas.
- Áreas não críticas: contemplam os demais compartimentos dos estabelecimentos assistenciais de saúde não ocupados por pacientes e onde não se realizam procedimentos de risco.
Desta forma, os profissionais de saúde devem seguir as normas locais e as diretrizes específicas de suas instituições para garantir a segurança dos pacientes e a eficácia da desinfecção hospitalar.
Além disso, a OMS traz diretrizes e recomendações relacionadas à prevenção de infecções em hospitais e clínicas, que incluem práticas de desinfecção.
Já a frequência de limpeza das superfícies pode ser estabelecida para cada serviço, de acordo com essas diretrizes e também com a necessidade de cada instituição.
A clareza nas atribuições da equipe responsável por esse serviço é primordial. Também são necessários treinamentos específicos para que todos conheçam os equipamentos de proteção individual usados nesse processo de limpeza hospitalar; o que, onde e quando limpar; bem como materiais e equipamentos.
O futuro da desinfecção hospitalar
As práticas e tecnologias de desinfecção hospitalar estão em constante evolução devido à emergência de novos patógenos, à resistência antimicrobiana e à busca por métodos mais eficazes e seguros.
A colaboração e a pesquisa contínua desempenham um papel fundamental na melhoria desses métodos. Isso passa pela adaptação a novos desafios, pelo desenvolvimento de desinfetantes mais eficazes e pelas práticas mais eficientes, melhorando a proteção dos pacientes e profissionais de saúde. Ao mesmo tempo, novas tecnologias e métodos podem reduzir a exposição a produtos químicos tóxicos, melhorando tanto a segurança para pacientes e colaboradores quanto, até mesmo, a sustentabilidade.
Portanto, a pesquisa e a colaboração contínuas são cruciais para manter as práticas de desinfecção hospitalar atualizadas, eficazes e alinhadas com os desafios em constante mudança na área da saúde.